Como já foi visto, existe uma relação entre o tipo de ameaça e seus efeitos sobre a saude. Portanto, o escritório, direção, departamento, coordenação ou unidade do Ministério de Saúde cujas responsabilidades centrais são a coordenação de gestão de riscos, os preparativos e a coordenação da resposta aos desastres devem ter um conhecimento claro das ameaças que existem no país ou região específica, tanto de origem natural (fenômenos hidrológicos, climatológicos e metereológicos), tecnológica (acidentes quimicos ou radioativos), biológica (emergências epidemiológicas) ou mesmo social (violências e conflitos armados).
Também deve ser identificada a vulnerabilidade existente – tanto a relacionada as condições de vida e saúde da população quanto a capacidade de respostas dos serviços de saúde - para conhecer a magnitude do risco potencial do setor saúde. Esta informação será indispensável para definir as prioridades e ações do setor saúde para a gestão de desastres.
1- Análise de ameaças e vulnerabilidades
O grau de risco que um país, estado ou município, assim como de um grupo populacional depende da combinação de dois fatores: o tipo e intensidade da ameaça (uma chuva forte, uma inundação gradual maior, um terremoto de maior intensidade) e a vulnerabilidade. Portanto, para definir o risco, deve-se diagnosticar as ameaças assim como a vulnerabilidade dos territórios e populações expostas.
Existem diversas ferramentas que permitem avaliar as ameaças. Uma destas ferramentas é o CAPRA, que é uma Plataforma de Informação de Riscos de Desastres para a tomada de decisão através da utilização de uma metodologia comum e ferramentas para avaliar e expressar o risco de desastres e aumentar a consciência da gestão de risco em países da região das américas.
É importante enfatizar que a análise como tal é responsabilidade dos organismos nacionais e requerem a participação de instituições técnicas e científicas relacionadas com campos afins a geologia, sismologia, vulcanologia, hidrometeorologia, epidemiologia entre outros.
2- Descrição do risco
Desenvolveram-se diversas metodologias e ferramentas para dimensionar o risco, mas por não existir critérios comumente aceitos e reconhecidos para este tipo de avaliação, muitas delas tendem a dar resultados diferentes e/ou parciais, dependendo dos critérios utilizados e da importância e valores que lhes é atribuído.
Entre estas, existe o Sistema de indicadores de risco de desastre e de gestão de risco, que mediante um método quantitativo, tenta dimensionar a ameaça, a vulnerabilidade e o risco para facilitar aos tomadores de decisão a ter acesso a informação relevante que lhes permita identificar e propor ações efetivas de gestão de risco, considerando aspectos macroeconômicos, sociais, institucionais e técnicos.
3- Níveis de proteção
Uma vez avaliado o risco, e levando em conta que não é possível reduzi-lo a zero, é necessário definir um nível de “risco aceitável”, ou seja, um valor admissível de probabilidade de conseqüências sociais e econômicas de um desastre.
De acordo com este risco aceitável, se estabelecem os delineamentos do planejamento e projetos das obras de proteção a serem implementadas.
Existem diversas nuances e níveis crescentes e sucessivos de proteção que o setor saúde deve considerar. Entretanto, a proteção à vida é o nível mínimo aceitável de proteção, estando orientado a salvaguardar a vida, a saúde e a população.
A proteção dos investimentos em saúde implica em evitar a perda dos bens, equipamentos e suprimentos com os quais tanto a população quanto o setor saúde contam. Esta proteção está destinada a certificar-se de que os sistemas e serviços de saúde sigam funcionando em caso de desastre. Entende-se que ao se alcançar este nível de proteção, consequentemente se está protegendo a vida e os investimentos, sendo este um grau ótimo de proteção que se deve atingir naqueles serviços indispensáveis para a comunidade.