A organização do setor saúde para a gestão de riscos se baseia em critérios técnicos e político-administrativos. Neste item serão descritos os elementos técnicos que governam as funções e responsabilidades e a organização dos programas de desastres em saúde.
A análise das ameaças, das vulnerabilidades e dos níveis de risco de desastres que afetam a saúde da população é incumbência das instituições do setor saúde e requer a participação de outras instituições que formam parte do sistema nacional de gestão do risco de desastres, assim como das instituições de pesquisa e ensino nas áreas das engenharias, ciências ambientais, humanas e sociais, geociências, geografia, planejamento urbano e regional, entre outras.
Passos para a gestão do risco no setor saúde:
1- Análise de ameaças e vulnerabilidade
A responsabilidade de identificar, caracterizar e analisar as ameaças e as vulnerabilidades do setor saúde frente a desastres recai sobre todas as unidades e instituições do setor saúde de acordo com sua área de competência. Contudo, é necessário estabelecer um mecanismo de compilação das informações relevantes que forneça informação técnica sobre as principais ameaças e suas possíveis repercussões sobre as populações, a infraestrutura e os recursos do setor saúde.
O estudo das ameaças, das vulnerabilidades e dos riscos deve ser efetuado por profissionais competentes, de caráter multidisciplinar, utilizando elementos de análises quantitativas e qualitativas.
A publicação Instrumentos de apoyo para el análisis y la gestión de riesgos naturales proporciona recomendações acerca da metodologia a ser desenvolvida para a realização de avaliações de ameaças e análises de risco. Está dirigida aos especialistas em análise de risco e brinda critérios muito básicos e fáceis de aplicar para a identificação, tipificação e caracterização das ameaças, a vulnerabilidade e o risco. A publicação La gestión del riesgo de desastres: un enfoque basado en procesos proporciona informações teóricas, conceituais e metodológicas sobre os seis processos essenciais de gestão do risco de desastres, estando entre eles estes três, que são fundamentais para a análise de ameaças e vulnerabilidade: 1) Gerar conhecimento sobre o risco de desastre em seus diferentes âmbitos; 2) Prevenir o risco futuro; 3) Reduzir o risco existente.
A análise de ameaças geralmente parte de uma minuciosa compilação dos registros históricos ocorridos no passado. Também se utilizam elementos quantitativos, se estes se encontram disponíveis, para poder inferir a probabilidade de ocorrência de um fenômeno destrutivo. Outras ferramentas, como estudos aerofotográficos e geológicos e observações no terreno também são utilizados. Com a análise das informações compiladas, podem-se elaborar mapas simples ou complexos de ameaças, com o fim de classificar zonas de alto, médio ou baixo perigo.
A identificação de áreas de alto perigo é especialmente importante em termos da localização das instalações de saúde.
2- Redução do risco
Dado que existem muitos riscos para a saúde pública, nesse caso é necessário focar-se naqueles que poderiam provocar emergências e desastres.
Assim mesmo, dado que os recursos disponíveis devem ser utilizados em função de proteger a saúde da maior parte da população e, em particular, dos grupos mais vulneráveis, é preciso priorizar os riscos nos quais se deve intervir.
Por isso é necessário que o setor saúde conte com um programa interdisciplinar sobre redução de risco que leve em conta todas as ameaças potenciais e incorpore os programas e serviços de saúde, incluindo infraestrutura, equipamento, recursos materiais e o talento humano em saúde.
3- Avaliação do impacto potencial
Na medida em que são implementadas as ações de redução do risco de desastres, o setor saúde deve identificar e analisar o impacto potencial dos eventos adversos para poder organizar seu programa de emergências e desastres em função da magnitude em termos de população e área geográfica expostas e seus potenciais impactos sobre a saúde, assim como sobre infraestrutura ou equipamentos, por um lado, e as possibilidades de solução das necessidades de saúde resultantes, por outro lado.
A determinação do impacto potencial de um evento adverso será mais precisa quando o conhecimento, assim como a caracterização e a interação das ameaças e da vulnerabilidade, estiver melhor organizado. Assim, é possível conhecer com antecipação quais podem ser os danos e necessidades que se apresentariam e, com isso, estabelecer melhor os papéis e responsabilidades do pessoal que trabalha nos programas de desastres do setor saúde.