Determinar com antecipação os danos e perdas socioeconômicas e ambientais que ocorrerão em um evento adverso é um problema complexo, considerando as incertezas na capacidade de antecipadamente prever o momento, a magnitude, a intensidade e duração das ameaças, tanto como os componentes da sociedade que serão afetados e suas repercussões sobre a comunidade afetada em um dado contexto. Ao mesmo tempo, ainda que o impacto potencial seja determinado de modo probabilístico, é muito importante levá-lo em conta para se desenhar cenários plausíveis e se priorizar intervenções de redução de risco, fortalecendo o preparo e estabelecendo-se antecipadamente os mecanismos para uma recuperação precoce.
No item anterior vimos a importância de contar com estudos detalhados das ameaças, realizados por instituições competentes, assim como com a identificação precisa da vulnerabilidade do sistema ou população exposta, a fim de demonstrar os riscos de desastres que devem ser enfrentados pelo setor saúde. Por outro lado, de acordo com o nível de proteção assumido, requer-se dimensionar o impacto potencial dos desastres para o qual o setor saúde deve focar suas ações de redução de risco, preparo, resposta e reabilitação.
De acordo com as avaliações pós-desastres coordenadas pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), todos os desastres tem uma repercussão sobre o setor saúde, seja pela necessidade de preservar a saúde da população durante situações de emergência e desastres, evacuar e resgatar as vítimas, modificar programas ou modelos de atenção de saúde no médio e longo prazo, ou porque provocam danos as infraestruturas da rede de serviços de saúde. Esta repercussão se traduz tanto nas necessidades imediatas como nos efeitos em longo prazo.
A fim de determinar o custo econômico dos desastres, a CEPAL, com o apoio técnico da OPAS, desenvolveu uma metodologia para avaliação de perdas e danos, para conhecer o impacto sócio-econômico e ambiental dos desastres. Esta metodologia tem sido aplicada em diferentes eventos adversos. O gráfico a seguir resume o impacto socioeconômico de um desastre de origem natural sobre o setor saúde, que se acumula até que seja concluído o trabalho de reconstrução e restauração da capacidade operativa. A publicação da OPAS sobre proteção das novas instalações de saúde frente a desastres naturais elabora mais sobre este tema.
Custos, danos e efeitos dos desastres.
O que não se inclui na metodologia desenvolvida pela CEPAL é o custo relacionado com a deterioração do bem estar da população devido a interrupção dos serviços, do impacto geral na reabilitação (pois sua recuperação implica grandes desembolsos econômicos, difíceis de arcar), a necessidade de recuperar de forma rápida a capacidade de atenção em saúde (não somente da população diretamente afetada, mas para continuar satisfazendo a demanda normal de saúde do sistema) e a falta de incentivo para a realização de investimentos externos na reconstrução, já que não existe métodos desenvolvidos para compilar informações nem formas existentes para valorar de forma econômica o que estas perdas representam.
Resumindo, assim como os desastres ocasionam perdas e danos ao setor saúde, afetando diretamente o desenvolvimento do país e da população afetada, o custo social e político pela interrupção na prestação de serviços de saúde, mesmo não podendo ser quantificada, é muito importante. Este quadro poderá mudar se ocorrerem investimentos em prevenção e mitigação, bem como se for incorporado a redução da vulnerabilidade nos processos de reabilitação e reconstrução.