Programas de capacitação

Programas de capacitação

Os programas de preparação para desastres não terão êxito se não forem desenvolvidos e aplicados programas de capacitação em cada uma das instituições do setor saúde. Compete ao Ministério da Saúde, assim como às secretarias de Saúde estaduais e municipais, estabelecer políticas e estratégias de capacitação, assim como elaborar programas de capacitação e assegurar seu financiamento.

Os conteúdos dos programas de capacitação podem ser desenvolvidos em esforço conjunto entre a unidade técnica do setor saúde encarregada das emergências e desastres e a unidade técnica encarregada da capacitação de recursos humanos. Os conteúdos podem ser desenvolvidos com apoio de instituições de educação especializadas.

Os objetivos centrais de um programa de capacitação devem incluir:

  • Conhecimento das ameaças, vulnerabilidades e riscos;
  • Conhecimento da dinâmica da gestão dos desastres, que inclui emergência, resposta, reabilitação, reconstrução, mitigação e prevenção;
  • Planos de contingência relacionados com riscos, mitigação e resposta;
  • Metodologias e guias de participação segundo níveis de resposta;
  • Práticas de coordenação intrassetoriais e intersetoriais.

Por exemplo, para capacitação em planos de resposta, a Opas estimula o critério de “aprender na prática”, vinculando o treinamento com a realidade de campo, e levando em conta as realidades ambientais, as condições de vida e os aspectos socioculturais locais.

A capacitação deve incorporar diferentes setores responsáveis pela gestão de desastres (nível de decisão, planejadores, nível técnico, nível chave da administração pública, nível operativo local e a comunidade).

Exemplo de fluxo de capacitação de um plano de emergência em nível local

 

Recomenda-se que as instituições de formação de profissionais em saúde incorporem temas sobre preparação e resposta às grandes emergências e desastres no currículo de seus programas regulares, ou como parte dos programas de educação continuada; e, também, que se estimule o setor saúde para que se desenvolvam protocolos de investigação que possam ser aplicados durante a fase de emergência, com o objeto de identificar os fatores que possam influenciar a saúde da população, ou para melhorar os mecanismos de resposta. Para a elaboração dos conteúdos de capacitação, existe abundante referência bibliográfica produzida tanto pela Opas/OMS como por outras agências e instituições da sociedade civil. Na região das Américas, o Centro Regional de Información sobre Desastres (Crid) dispõe de abundante documentação sobre o tema desastres. Igualmente, a área de Preparativos para Situações de Emergência e Socorro em Casos de Desastres da Opas/OMS  oferece em seu sítio importantes informações técnicas e científicas sobre emergências e desastres.

No sentido restrito, todo o pessoal de saúde deve receber capacitação em serviço.

É recomendável que o pessoal de saúde receba instrução específica sobre primeiros socorros, técnicas de busca e resgate e outros aspectos da gestão de desastres relacionados com suas respectivas áreas de responsabilidade. É aconselhável que periodicamente se efetuem exercícios de simulação (exercícios de gabinete) ou simulados (exercícios de campo) que assegurem ampla participação do pessoal do nível de gestão e do nível operativo, com o objetivo de mantê-los permanentemente atualizados em suas funções específicas e prontos para atuar quando for necessário, assim como para atualizar e melhorar os planos de preparo e resposta.

As instituições do setor saúde devem dispor de recursos financeiros específicos para as atividades de capacitação. Esses recursos podem ser parte dos fundos de emergência ou provir de mecanismos próprios que permitam sua fácil mobilização e disponibilidade, evitando ou simplificando todos os processos administrativos, que, geralmente, são muito demorados. Nos últimos vinte anos, asuniversidades têm mostrado crescente interesse no desenvolvimento de programas de capacitação em nível de graduação e pós-graduação. Atualmente, muitos centros acadêmicos têm incorporado programas de pós-graduação em preparo para desastres e manejo de riscos destinados a estudantes de várias disciplinas, mas principalmente das áreas de engenharia e no campo da saúde, como, por exemplo, a Universidad Estatal de Bolívar, no Equador. Universidades como a Costa Rica, a de Antioquia, em Medellín, Colômbia, e a de San Marcos, em Lima, têm programas em nível de mestrado em gestão de riscos. O Observatório Andino do Ensino Universitário em Desastre possui um inventário das universidades do grupo andino que têm programas de ensino em desastres e também da oferta acadêmica de outros países das Américas e do Caribe. Ver lista dessas instituições.

Quase todas as instituições de proteção e defesa civil nos países da região das Américas têm programas de capacitação, muitas delas em associação com as universidades. Por exemplo, a iniciativa da Universidade Nacional Autônoma de México (Unam), que conta com uma Escola Nacional de Proteção Civil, trabalha conjuntamente com todas as universidades de cada um dos estados mexicanos.